Conhecida
como a Sibila dos Salões, Mlle Lenormannd encantou a nobresa francesa.
Sibilas são também baralhos utilizados para prátticas divinatorias
comuns entre os séculos XVIII e XIX. Seu nome é uma referência à famosa
profetisa.
“O termo “Sibila” é muito antigo, pois remonta à
Grécia Clássica; no entanto, ignora-se o seu significado. Muitos
escritores falaram dessa misteriosa adivinha, sempre
no singular, sem especificar de onde desenvolvia a sua actividade;
depois quando a civilização grega se difundiu, as profecias dos diversos
lugares receberam o nome genérico de “sibilas”. Em Roam existiu uma
colecção de livros proféticos, os Livro Sibilinos, que, de acordo com a
lenda, foram transferidos para a cidade, vindos de Cuma, por Lúcio
Tarquino, o Soberbo, rei Etrusco de Roma entre 534ª.C. e 509 a.C. Os
Livros forma depositados nos Templo Capitolino, onde os sacerdotes os
consultavam nos momentos mais graves. No ano de 83 a.C. foram destruídos
por um incêndio, e embora o senador Romano tenha ordenado que fossem de
novo redigidos, acabaram por ser definitivamente destruídos no ano de
405 da nossa era por ordem de Estilicão, general romano de Fé Cristã. O
Mito da Sibila sobreviveu graças aos Oráculos Sibilinos, redigidos em
ambientes hebraicos e cristão entre os séculos II a.C. e VII d.C. Graças
à semelhança entre alguns fragmentos dos Oráculos e algumas profecias
bíblicas, as sibilas eram veneradas como profetas, e na Idade Média os
seus rostos apareceram pintados em numerosas Igrejas, muitas vezes
acompanhados de breves inscrições que sintetizavam a mensagem de alguma
das profetizes. Este sistema foi adoptado pelos impressores e manteve-se
até o século XVIII. (…)”
Giordano Berti
Duas Sibilas
As Sibilas, sacerdotisas encarregadas da decifração dos oráculos (as
respostas que os deuses davam às perguntas que lhes eram dirigidas),
sempre usavam as sutilezas da linguagem para oferecer a duplicidade de
sentido, através do jogo de palavras dúbias ou do deslocamento da
vírgula.
Duas delas, a Sibila de Delfos e a Sibila de Cumas,
desfrutaram de grande prestígio na Antiguidade. Estavam associadas ao
deus Apolo e utilizavam-se dos vapores emanados de fendas de grutas para
fazer suas previsões.
A Sibila de Delfos
Conta-se que um guerreiro, ao consultá-la para saber se voltaria vivo de uma guerra, recebeu como resposta:
Ibis, redibis, non morieris in bello. Irás, voltarás, não morrerás na guerra.
Uma frase propositalmente ambígua com o sentido ao sabor da virgulação:
Ibis, redibis non, morieris in bello. Irás, voltarás não, morrerás na guerra.
A resposta da Sibila de Delfos é também apresentada nesta versão:
Ibis redibis nunquam in bello peribis. Irás, voltarás, nunca na guerra perecerás.
Ibis, redibis nunquam, in bello peribis. Irás, voltarás nunca, na guerra perecerás.
► Na linguagem moderna, um ibis redibis vem a ser um texto obscuro ou ambíguo.
A Sibila de Cumas
Seus oráculos foram reunidos em nove livros, que a profetisa ofereceu
ao último dos sete reis de Roma, Tarquínio, o Soberbo, por um preço
exorbitante. Como o rei recusasse a oferta, Sibila queimou três dos
livros, oferecendo, posteriormente, os seis restantes pelo preço
original. O rei negou a proposta novamente. Sibila, então, queimou mais
três, apresentando os demais sem reduzir o preço. Surpreso por tamanha
obstinação, o rei acabou aceitando a oferta. Os livros ficaram guardados
no Templo do Capitólio em Roma, e eram consultados pelo Senado em todas
as emergências. Mas, quando do incêndio do templo, também arderam nas
chamas.
Paulo Gurgel
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