Thursday, January 03, 2013

SIBILAS

Conhecida como a Sibila dos Salões, Mlle Lenormannd encantou a nobresa francesa. Sibilas são também baralhos utilizados para prátticas divinatorias comuns entre os séculos XVIII e XIX. Seu nome é uma referência à famosa profetisa.

“O termo “Sibila” é muito antigo, pois remonta à Grécia Clássica; no entanto, ignora-se o seu significado. Muitos escritores falaram dessa misteriosa adivinha, sempre no singular, sem especificar de onde desenvolvia a sua actividade; depois quando a civilização grega se difundiu, as profecias dos diversos lugares receberam o nome genérico de “sibilas”. Em Roam existiu uma colecção de livros proféticos, os Livro Sibilinos, que, de acordo com a lenda, foram transferidos para a cidade, vindos de Cuma, por Lúcio Tarquino, o Soberbo, rei Etrusco de Roma entre 534ª.C. e 509 a.C. Os Livros forma depositados nos Templo Capitolino, onde os sacerdotes os consultavam nos momentos mais graves. No ano de 83 a.C. foram destruídos por um incêndio, e embora o senador Romano tenha ordenado que fossem de novo redigidos, acabaram por ser definitivamente destruídos no ano de 405 da nossa era por ordem de Estilicão, general romano de Fé Cristã. O Mito da Sibila sobreviveu graças aos Oráculos Sibilinos, redigidos em ambientes hebraicos e cristão entre os séculos II a.C. e VII d.C. Graças à semelhança entre alguns fragmentos dos Oráculos e algumas profecias bíblicas, as sibilas eram veneradas como profetas, e na Idade Média os seus rostos apareceram pintados em numerosas Igrejas, muitas vezes acompanhados de breves inscrições que sintetizavam a mensagem de alguma das profetizes. Este sistema foi adoptado pelos impressores e manteve-se até o século XVIII. (…)”

Giordano Berti

Duas Sibilas
As Sibilas, sacerdotisas encarregadas da decifração dos oráculos (as respostas que os deuses davam às perguntas que lhes eram dirigidas), sempre usavam as sutilezas da linguagem para oferecer a duplicidade de sentido, através do jogo de palavras dúbias ou do deslocamento da vírgula.

Duas delas, a Sibila de Delfos e a Sibila de Cumas, desfrutaram de grande prestígio na Antiguidade. Estavam associadas ao deus Apolo e utilizavam-se dos vapores emanados de fendas de grutas para fazer suas previsões.


A Sibila de Delfos
Conta-se que um guerreiro, ao consultá-la para saber se voltaria vivo de uma guerra, recebeu como resposta:
Ibis, redibis, non morieris in bello. Irás, voltarás, não morrerás na guerra.

Uma frase propositalmente ambígua com o sentido ao sabor da virgulação:

Ibis, redibis non, morieris in bello. Irás, voltarás não, morrerás na guerra.

A resposta da Sibila de Delfos é também apresentada nesta versão:

Ibis redibis nunquam in bello peribis. Irás, voltarás, nunca na guerra perecerás.

Ibis, redibis nunquam, in bello peribis. Irás, voltarás nunca, na guerra perecerás.

► Na linguagem moderna, um ibis redibis vem a ser um texto obscuro ou ambíguo.

A Sibila de Cumas

Seus oráculos foram reunidos em nove livros, que a profetisa ofereceu ao último dos sete reis de Roma, Tarquínio, o Soberbo, por um preço exorbitante. Como o rei recusasse a oferta, Sibila queimou três dos livros, oferecendo, posteriormente, os seis restantes pelo preço original. O rei negou a proposta novamente. Sibila, então, queimou mais três, apresentando os demais sem reduzir o preço. Surpreso por tamanha obstinação, o rei acabou aceitando a oferta. Os livros ficaram guardados no Templo do Capitólio em Roma, e eram consultados pelo Senado em todas as emergências. Mas, quando do incêndio do templo, também arderam nas chamas.

Paulo Gurgel

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