The End II
É nela, na saudade, que venho, mais uma vez, depois de cinco anos, lenormar
no caixão.
Inevitável é o fim de tudo o que existe, mesmo que
continuemos, infantil e inconscientemente, propagando para as novas gerações
que somos eternos e que a morte é ruim e que quem morre é o vizinho.
Ponto final. O caixão é um símbolo forte, porém, é consequência
de se estar vivo, énatural. É para onde todos iremos quando tivermos nos
esgotado, encerrado nossa missão, consumido toda a nossa finita energia vital.
Não vale a pena fugir. O melhor que fazemos é aceita-lo pois
ele é uma força maior do que todos nós e habita dentro de cada um e nos permite
renovar.
O caixão veio forte dessa vez. Papai se foi.
O buraco deixado por essa perda é enorme. A dor da falta pode se tornar angustiante
para os menos preparados e gerar imenso sofrimento.
Esses buracos na vida acontecem desde que nascemos pois
sempre nos falta algo. A falta gera a necessidade de satisfação que por sua vez
nos mobiliza para sua saciedade por isso
são necessários.
De papai me resta muita coisa. Lembranças maravilhosas,
alegres e felizes. Ensinamentos e
exemplos. O maior tesouro: a fórmula para se viver feliz! Ele me deu sim. E ela
funciona!
Não posso esperar mais nada de novo dele, mas trabalhar com
o que ficou. Usar a energia causada por essa falta para re-construir a minha
vida. Fazer valer todo o amor investido, toda sabedoria passada. Zerar e
recomeçar. Isso é o oito! A mudança não vem se não houver perda. Essa é
essencial .
Não sei se esse seria um post tão didático como gostaria que
fosse. Na verdade ele é mais um desabafo. Uma forma de viver o caixão e
concluir de uma vez essa experiência pois, como meu
pai me ensinou: a queda de um homem só serve para fazer com que ele
cresça mais.
“Que se esvazie o que está cheio, para se encher o que está vazio.”
Aprendi que a morte traz vida. Sinto-me mais motivado a
viver e a construir as minhas obras. Muito do que meu véio me disse faz
sentido, agora.
2 comments:
Alex, perda é ganho, sua lição foi essencial. Didática, não diria; foi iniciatória... só entenderá quem estiver pronto para viver exatamente isso. Um vazio que nada preenche, um cheio que nada esvazia, e a experiência para verter de um cântaro ao outro... isso você já tem.
Bom demais ler e reler seus textos.
Forte abraço.
Amore,como eu te admiro,e tenho agora a consciência de que parte do que admiro em você foi implantado por ele,essa figura paternal insubstituível.
Eu tenho certeza de que na vida,existem pessoas tão especiais e únicas,que se tornam insubstiuíveis para sempre,porque não há ninguém igual,ninguém que faça melhor,que faça do mesmo jeito.
Nossos queridos que se foram,estão apenas nos aguardando do outro lado.Que felicidade saber que um dia vamos nos reencontrar novamente.
A luz dos Lírios(a carta que representa o Espírito Santo)acompanhe seu pai,sempre.
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