Frente Fria

Tudo está muito bem quando, de repente, o céu nubla, as nuvens encobrem o sol e o vento sopra forte. Insegurança, confusão e desconforto.



Pensamentos negativos invadem nossas mentes e boicotam a nossa felicidade. Esses ventos tumultuam as águas do nosso mar interior e condensam a humidade do ar criando chuva. Ar e água em conflito. Pensamento e sentimento em discordância.

A massa de ar frio do inverno da nossa insegurança choca-se com a massa de ar quente e húmido da nossa alegria e conforto. E nessa briga aérea, o céu chora e a chuva cai.


Lá do nosso fundinho, das regiões áridas no nosso ser, vêm eles, os pensamentos densos e pessimistas, pesados, frios e cortantes como o ar polar para acabar com a nossa alegria.

Frente fria a vista!

Nada mais é claro. Tudo turvo e embaçado. Já não há mais alento nem conforto, já não se vê mais nada direito. O ar é turbulento com gotículas de chuva a bloquear nossa visão e densas nuvens a encobrir o sol substituindo o alegre dourado e o plácido azul pelo triste cinzento.

Encolhidos e acuados no cantinho de nós mesmos, sofremos com a baixa temperatura e aquela sensação de estar ouvindo os ruídos a nossa volta sem conseguir ver nada porque estarmos imersos numa densa névoa.

Começamos a sentir tudo demais, a criar problemas que não existem e ressuscitar os que já morreram. Pois assim é na carta 6, as nuvens. Quem já não esteve nela não é?

O bom disso tudo é que o clima é dinâmico. Nunca pára, está sempre em movimento, se alternando em cliclos. Os ventos não param de soprar e por essa condição mutável, o frio dará lugar ao calor e ao sol. E quando for embora, veremos o céu mais azul, o verde mais verde, a água mais límpida. E aí, a felicidade é sentida dobrada. Depois da tempestade vem a bonança.

As nuvens vêm mas passam. Tudo na vida passa. Não só a alegria mas também a tristeza!
Olhem… lá no horizonte… Lá vem o sol!

Lenormando na Filosofia: A Raposa Sofista

E esses homens, eles, sofistas, propunham educar, preparando os Homens para assumir plenamente sua condição de cidadãos. (…)

Fosse qual fosse o conteúdo do ensinamento sofístico, parte integrante dele era a técnica de compor discursos, de bem usar a palavra, de bem falar sobre todas as coisas. Ora, no regime democrático que então florescia em Atenas, aquele que detivesse o domínio da palavra teria o domínio da assembleia e, dessa forma, o poder político. (…) Não havia, pois, saber mais cobiçado do que esse que os sofistas diziam ter e poder transmitir.

Porém para Platão os sofistas, esses coitados, não eram nem sábios nem filósofos e sim, charlatães, ilusionistas cujo saber se resume em “saber usar a palavra” e com ela criar, graças a ignorância do público a quem se dirigem, uma falsa aparência de saber.

Retórica. Alheios às tradições, os sofistas mostram-se dispostos a discutirem todos os assuntos. Atribuem à linguagem uma importância fundamental, mas esta não passa de uma convenção. As palavras são com frequência destituídas do seu sentido corrente, e são usadas como instrumentos de sugestão e persuasão para convencerem os seus interlocutores. Recorrem à ambiguidade das palavras, exageram na aplicação dos três princípios lógicos, para numa cadeia de deduções e sentidos ambíguos, levarem os seu interlocutores a desdizerem-se.